sábado, 30 de agosto de 2025

245- Rape! Rape! Rape!

A história deste anime é direta e facilmente compreensível, tanto pelo seu nome, como pela imagem. É, obviamente, um hentai, de três episódios, que é protagonizado por Takumi Mizuhara, um indivíduo cujo único papel na série é de assediar mulheres sexualmente. Fá-lo, alegadamente, por motivos de vingança pessoal, mesclados com desilusões amorosas. Começando a fazer isso com as suas colegas de escola, inclusivamente, com a moça de quem "gostava" (e levem isto com umas grandes aspas), rapidamente Takumi começa a fazer o mesmo com outras mulheres - desde uma agente da polícia, a uma grávida e até mesmo com a sua própria irmã.

A vontade e o prazer que estimula, a este indivíduo, a assunção destes atos, torna-o, sem dúvida, numa das, senão mesmo, derradeiramente, na personagem de anime, ou de ficção animada, em geral, mais grotesca e odiosa de todos os tempos. Não que isto seja algo digno de vanglória, até porque, conforme acontece em todos os géneros de ficção, existe sempre um certo elemento de realidade que as inspira. Deste modo, este anime quase que invoca, de certa forma, algumas das nossas tendências mais misantrópicas e de repulsa, tendo em consideração que situações conforme estas ocorrem, na vida real.

Não sei até que ponto a abordagem social ao assédio sexual terá sido alvo de reflexão para ser inserida no anime, mas fazem-se alusões também às suas consequências, para as vítimas. Vemos, no anime, situações de automutilação e/ou suicídio, assim como de troça e de ausência de apoio, por parte da sociedade, às vítimas de violência sexual. Parece-me crer que estas secções não foram introduzidas na série apenas por acaso, principalmente por conta do que ocorre no final.

Portanto, no final do último episódio, Takumi é alvejado e morto às facadas por uma moça misteriosa (embora a sua silhueta seja parecida com uma das vítimas). Esta é, então, uma matança bastante satisfatória.

Com tudo isto referido nestes dois últimos parágrafos, parece-me pretender-se demonstrar alguma alegoria representativa da punição para com um indivíduo deste cariz, uma sensação de um ato de justiça consumada, feita pelas próprias mãos. É como se os produtores do anime tivessem procurado veicular uma condenação sumária ao protagonista, face aos atos realizados, e dar-lhe um golpe de vingança, a sangue-frio. Isto, ao mesmo tempo que referem, ainda que não em detalhe, as outras consequências psicológicas e sociais do assédio sexual, em tom de precaução ou sensibilização, de uma maneira crua. Funciona como que, se este ambiente maioritariamente dominado pela perversão fosse momentaneamente quebrado para uma chamada à atenção, derivada do assunto principal do anime.

Novamente, não sei se terá sido este o objetivo dos produtores do anime, mas, conforme já referi acima, não creio que a representação desses assuntos terá sido inserida por mera casualidade. Até porque, no caso de vários hentais, os orçamentos de produção não são muito elevados. Daí que evitar custos de animação para coisas consideradas desnecessárias é uma prática comum. Isto explica, também, o trabalho de animação e coloração de relativa pouca qualidade que muitos hentais apresentam. 

Além disso, diria que, até mesmo nas produções artísticas mais perversas e desumanas, existe, muitas vezes, uma necessidade dos artistas em manifestarem um senso de humanidade e justiça, das formas mais variadas.

Imagens (para contextualizar, a primeira imagem é de um sangramento imenso após uma automutilação):

 


Podem encontrar o anime completo e legendado, nos locais habituais.

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